A semana no Brasil começou com o clima de apetite ao risco que embalou os mercados acionários mundo afora e ajudou a manter a cotação do dólar em queda no mercado global. O gatilho para a mudança no humor veio após uma reportagem mostrar que a Apple planeja colocar o “pé no freio” nas contratações e nos investimentos. Outras companhias, como a Microsoft, já haviam anunciado medida semelhante, à medida que o setor privado americano já se prepara para um momento de desaceleração econômica.
O motivo que embalava o mercado na segunda-feira (18) era justamente uma redução na percepção de risco sobre um cenário recessivo. Em conjunto, as commodities ganharam fôlego e corroboraram para a alta do mercado acionário, diante de notícias de suporte econômico vindas da China, com injeção de crédito no mercado imobiliário para respaldar obras inacabadas de incorporadoras.
As razões do apetite ao risco são variações sobre temas permanentes no mundo financeiro internacional, cada hora interpretados de uma maneira: 1) Recessão Econômica (tamanho e duração) e 2) China.
Conforme a divulgação de indicadores econômicos e discursos dos presidentes dos Bancos Centrais, o mercado precifica o evento recessão. Sobre a recessão econômica, lida como um período que vai além de dois trimestres de PIB negativo, esse é um evento que ainda não é presente. É uma situação, tida pelos analistas, como inevitável no futuro por causa do forte ajuste esperado na taxa de juros das principais economias do mundo.
Atualmente, está no foco a elevação dos juros nos Estados Unidos, que teve início em março de 2022. A taxa, que estava próxima de 0%, avançou para o patamar entre 1,5% e 1,75%, com previsão de alcançar 2,5% na próxima semana. O mercado financeiro opera com a expectativa de os juros norte-americanos atingirem 4% ao fim de 2022.
Pode parecer contraintuitivo, mas a sistemática do mercado tem sido a seguinte: indicadores financeiros, que apontam uma atividade econômica forte nos Estados Unidos, mostram resistência do ambiente inflacionário em razão de uma demanda ainda muito aquecida. Por fim, a inflação por lá vai além da “inflação da guerra”, passando pelos bens industrializados e serviços.
Na análise de uma resistência inflacionária, o impacto nos ativos considerados “de risco” é imediato, pois a leitura que está em “xeque” no dia a dia do mercado financeiro é se a taxa de juros nos Estados Unidos vai ficar acima dos 4%, que é o patamar já precificado pelo setor. Sob essa ótica, vemos oscilações no dia a dia das bolsas internacionais e, consequentemente, da bolsa brasileira.
No curto prazo, tem ainda o evento da temporada de balanços. Nos Estados Unidos, começou na semana passada e, no Brasil, ainda será dada a largada.
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