Promessas do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, de novos estímulos e investimentos para sustentar a economia e evitar uma desaceleração adicional ajudaram a compor um cenário mais positivo para o consumo das commodities. Do lado do fluxo estrangeiro, a B3 informou a segunda entrada, seguida, de R$ 292,87 milhões no pregão da última terça-feira.
O dinheiro volta a entrar em doses modestas e o mercado está de olho para saber se a retomada do apetite se consolida como tendência, depois de a bolsa ter enfrentado recentemente uma sequência de retiradas de capital externo.
A inflação da guerra motivada pela alta das commodities agropecuárias e energéticas contribuiu para o ímpeto do Ibovespa até março. Em abril, a preocupação com os lockdowns na China frearam o apetite dos investidores estrangeiros com o receio da desaceleração da demanda chinesa, em conjunto com a parcimônia instaurada pela elevação dos juros nos Estados Unidos.
A magnitude da elevação dos juros norte-americanos gerou temor de recessão na maior economia do mundo. Essa é uma das ponderações que os investidores fazem no dia a dia, e que justificam o apetite pelos títulos do tesouro norte-americano em detrimento ao mercado acionário. Em meio ao movimento do mercado acionário global, o Ibovespa vira e mexe consegue escapar por causa das commodities.
Nem todo mundo está achando que os EUA vão para o buraco e, nesta ponta otimista, estão alguns grandes bancos, o que não tem impedido sell-off nas bolsas e busca da proteção dos Treasuries. Uma matéria da Bloomberg revelou que o Goldman Sachs e o JPMorgan consideram exagerado o temor de recessão e dizem que tudo vai melhorar com novos estímulos na China e a reação da atividade nos EUA durante o verão. Estrategistas do Morgan Stanley, Credit Suisse e BlackRock já expressaram a mesma visão. Na avaliação do banco suíço Julius Baer, a probabilidade de a economia norte-americana embarcar em uma recessão é de 20%.
Apesar de nem todos os prognósticos serem tão pessimistas, os mercados em Nova York continuam na espiral de cautela com o que pode acontecer, se a inflação exigir um choque no juro que induza a economia ao pior. Cerca de US$ 20 trilhões de dólares foram “destruídos” em pouco mais de 30 dias no mercado acionário norte-americano. Com a elevação da taxa de desconto, o valor ou fluxo projetado para as empresas foi reduzido. Essa situação deve manter aceso o sinal amarelo do investidor.
Fluxo Diário Investidor Estrangeiro e Ibovespa
E, por aqui, seguimos vulneráveis ao noticiário chinês, que nos dias de otimismo seguram a “bronca” dos dias ruins no mercado internacional. É tão notória essa situação que, na semana passada, o anúncio de relaxamento do lockdown em Shanghai em conjunto com a redução na taxa de juros de longo prazo, com o objetivo de estimular o mercado imobiliário, foram suficientes para elevar o otimismo do mercado sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa divulgado sexta-feira (20).
Entre os participantes, a expectativa de que essa semana será de alta para o Ibovespa avançou quase 20 pontos porcentuais, de 41,67% na pesquisa anterior para 60,00%. Para 26,67%, o índice fechará a semana que vem com estabilidade e, para apenas 13,33%, com queda. No último Termômetro, 41,67% acreditavam em variação neutra e 16,67%, em baixa. É razoável utilizar essa pesquisa como uma referência dos assuntos que injetam otimismo ou pessimismo no mercado, pois, apesar das estatísticas melhores, sabemos que algum contratempo na China ou cautela nos Estados Unidos podem contrariar esse sentimento positivo.
Vale a pena ficar de olho em alguns dados no exterior. Na quarta-feira sai a ata da reunião de política monetária do Federal Reserve e, na sexta, os dados de renda e gastos com consumo norte-americanos, incluindo o índice de inflação, referentes a abril. Além disso, na semana serão conhecidos vários índices de gerentes de compras, que servirão de termômetro sobre o pulso da atividade global.