Juros globais elevados alimentam aversão ao risco

set 25, 2023 | Notícias

As bolsas em Nova York reagiram ao duro recado do Federal Reserve: juros elevados por período prolongado para garantir a desaceleração da inflação, enquanto aqui a aversão ao risco se espalhou, ampliada pela mensagem de cautela do Copom, que voltou a citar a importância do cumprimento das metas fiscais para o processo de flexibilização monetária.

A manutenção da taxa dos Fed Funds entre 5,25% e 5,5% era amplamente esperada, mas a revisão agressiva das projeções dos juros para 2024 (de 4,6% para 5,1%) e para 2025 (de 3,4% para 3,9%) pegou o investidor em NY de surpresa. Para este ano, o Fed manteve a projeção para a taxa em 5,6%, compatível com a expectativa de 12 dirigentes das distritais, que esperam juros entre 5,5% e 5,75% em dezembro, enquanto sete não acreditam que novo aumento será necessário.

A grande questão nos EUA não é a elevação residual, mas o início do corte de juros. O que parece que não acontecerá tão cedo, a não ser pela surpresa de um quadro recessivo. As apostas do primeiro corte do juro nos Estados Unidos agora só aparecem em julho, com 32,9%, empatadas com uma pausa (32,2%), o que pode transferir o início do relaxamento monetário para meados do segundo semestre de 2024.

A nebulosidade no quadro internacional interfere no Brasil. A dinâmica dos juros nos EUA também será uma restrição relevante para um corte mais arrojado da Selic. Além disso, o fiscal expansionista pode voltar a pesar no início do próximo ano e, eventualmente, atrapalhar a trajetória de queda dos juros. Por isso, alguns analistas mantêm a projeção de juros ao fim de 2024 ao redor de 10%.

A arrecadação federal de agosto totalizou R$ 172,8 milhões, mostrou queda de 4,14% em termos reais sobre agosto/22 e 14,6% sobre julho, acentuando as preocupações sobre a tendência para as contas públicas. A redução na arrecadação está relacionada à queda nos preços das commodities e à desaceleração da economia que afetaram os impostos sobre lucros e sobre importação. Enquanto a queda na comparação anual é explicada pelos recolhimentos atípicos que ocorreram em 2022.

O governo insiste na meta de zerar o déficit em 2024, mas há ceticismo quanto ao objetivo. Alguns economistas chegaram a estimar déficit primário próximo de R$ 80 bilhões em 2024. O ministro Haddad voltou a apontar a necessidade de apoio do Congresso para o cumprimento das metas fiscais, no sentido de evitar a aprovação de novas despesas e desonerações, em referência à pauta-bomba dos parlamentares de R$ 88,5 bilhões.

Vislumbrando a dificuldade relacionada às contas públicas, o Copom ressaltou a importância da execução das metas fiscais para a ancoragem das expectativas de inflação. O trecho foi considerado “hawkish” e minimizou as apostas de aceleração no ritmo de corte dos juros nos próximos meses. Lembrando que em agosto o Banco Central havia retirado menções sobre o risco fiscal do comunicado.

Parece que a sinalização é de que não há espaço para cortes maiores da Selic, como parte do mercado apostava, ficou claro que o ritmo de 0,50 pp será mantido “nas próximas reuniões”, ou seja, em novembro e dezembro. Para a reunião de 1º de novembro, os investidores atribuíam na semana passada 72% de chance de corte de 50 pontos base e 21% de corte de 75 pontos base.

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Conteúdo produzido por Camila Abdelmalack – Economista-Chefe da Veedha.

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