Os holofotes estão voltados à bateria de reuniões de política monetária desta semana: o Copom, o Fed, BoE e BoJ decidem juros. A “Super Quarta” (20) concentra no radar a expectativa pela manutenção das fed funds entre 5,25% e 5,50% e sinalizações de eventual aperto extra nos EUA ainda este ano, além do novo corte de juros em 50 bps da Selic, que alcançará 12,25%, em conjunto com sinalização de possível aceleração no ritmo de corte da Selic.
O mercado vai olhar como uma lupa os comunicados que vão justificar as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Open Market Committee (FOMC). Portanto, mais do que o resultado em si, analistas, economistas e investidores buscam nas entrelinhas tentar antecipar quais serão os próximos passos das autoridades monetárias.
Nos Estados Unidos, a curva das Treasuries encerrou a semana em alta, apesar do dado de inflação bem recebido pelo mercado, apontando desaceleração da inflação de serviços (grupo que preocupa os diretores pela persistência em patamar elevado devido à resiliência da economia norte-americana).
Em resumo, permaneceram os receios em relação à trajetória de juros devido aos riscos inflacionários ainda presentes nos EUA. Neste sentido, o mercado elevou o sentimento de risco na sexta-feira, à espera da decisão de política monetária do Fed. O rendimento (yield) do título de dois anos subiu de 4,98% na última sexta-feira para 5,02%, e o de 10 anos, de 4,26% para 4,33%.
Curva de Juros no Brasil (%)
Fonte: Broadcast e XP
No Brasil, houve um tímido fechamento na curva de juros em relação à semana anterior. O movimento foi resultado de fatores como: (i) desempenho positivo do dólar e do Ibovespa, com retirada de prêmios; e (ii) IPCA de agosto mostrando desaceleração do setor de serviços, corroborando para o ciclo de queda da Selic.
Inflação de Serviços (12 meses)
Fonte: BCB
Uma das condições que o Copom listou para avançar no ritmo de corte de juros é a consolidação da desaceleração dos preços de serviços. Eventualmente, o Banco Central poderá acelerar o corte de juros para o ritmo de 75 bps. O Focus projeta a Selic em 11,75% ao fim de 2023. No entanto, dependendo da sinalização na 4° feira, a curva de juros poderá precificar a Selic entre 11,25% e 11,50% no fim do ano.
No Brasil, há percepção que o caminho para o corte de juros em 2024 pode ser mais complicado, a depender do contexto do cenário internacional e das complicadas discussões sobre as contas públicas. Por isso, se houver espaço nesse último trimestre, o Copom pode optar por acelerar o ritmo de corte. Para 2024, o Focus projeta a Selic em 9%. Algumas instituições, como a XP Investimentos, projetam 10%.
A taxa de juros é a referência para precificação dos ativos no mercado financeiro. O mercado acionário e a taxa de câmbio são alguns dos ativos que podem responder as decisões de juros. Mantenha-se informado sobre a tendência para os juros e converse com seu assessor sobre a influência nos seus investimentos.
Informação gera a melhor decisão!
Conteúdo produzido por Camila Abdelmalack – Economista-Chefe da Veedha.