Super Quarta (13), quando o Federal Reserve provavelmente manterá os juros nos EUA e o Banco Central do Brasil deve cortar a Selic em 0,50 ponto percentual, ambas as apostas são majoritárias no mercado financeiro. Na quinta-feira (14), os Bancos Centrais da Inglaterra e da Zona do Euro também fazem reuniões de política monetária, mas não há expectativa de alterações nos juros.
Nos Estados Unidos, houve um movimento de precificação de corte de juros a partir de março de 2024, devido a dados mais fracos de atividade econômica. Na semana passada, foram divulgados indicadores mistos sobre o mercado de trabalho, com a taxa de desemprego caindo de 3,9% em outubro para 3,7% em novembro, o que acabou aumentando o prêmio na curva de juros, consequentemente, empurrando para frente o corte de juros.
Não há expectativa de alteração no patamar dos juros norte-americanos, mantendo-se entre 5,25% e 5,50% pela terceira reunião consecutiva, mas os investidores estarão atentos a qualquer alteração no comunicado e nas projeções de juros pelos diretores. Nos últimos meses, o Federal Reserve deixou a porta aberta para novas elevações de juros, portanto, os investidores estarão atentos para alguma modificação. No mercado, está consolidado que o próximo movimento dos juros é corte e não elevação.
No Brasil, nada tem potencial de mudar a convicção no mercado de que o Banco Central reduzirá a taxa de juros na quarta-feira em 0,50 ponto percentual, de 12,25% para 11,75%. A dúvida está para as sinalizações dos próximos passos no comunicado: se o Copom confirmará mais um corte da mesma dose para a reunião de janeiro ou abrirá espaço para acelerar o ritmo para 0,75 ponto percentual.
Por aqui, há especulações sobre o aumento na magnitude do corte de juros. De um lado, a inflação moderada, a desaceleração econômica e o movimento de redução na percepção de risco internacional – com descompressão nas Treasuries – são fatores que corroboram para o avanço no corte dos juros. Por outro lado, ainda há incerteza acerca do cenário econômico nos EUA – se haverá consolidação no cenário de descompressão dos juros dos Treasuries – e o peso do risco fiscal em 2024, que será avaliado pelo mercado após o desfecho das discussões que estão tramitando no Congresso.
Na corrida contra o tempo, faltando 12 dias para o recesso parlamentar, o Congresso precisa aprovar praticamente toda a agenda econômica para viabilizar um déficit fiscal próximo de zero no ano que vem. A fila inclui a MP que trata da subvenção do ICMS, considerada a “bala de prata” de arrecadação para cumprir o arcabouço, a taxação das bets, análise dos vetos de Lula, a votação da LDO/24 e a reforma tributária.
O fato é que as discussões sobre uma provável alteração na meta fiscal inevitavelmente pesarão sobre os juros em 2024. O desequilíbrio fiscal acabará por pressionar as expectativas de inflação em 2024 e 2025.
No curto prazo, o cenário segue favorável para corte de juros, mas, vislumbrando as complicações fiscais no próximo ano, muitos economistas continuam enxergando a Selic no patamar de dois dígitos em 2024, ao redor de 10%. No Boletim Focus, a projeção para 2024 segue em 9,25%.
Dados de inflação nos Estados Unidos (CPI) e no Brasil (IPCA) serão divulgados na terça-feira. As expectativas são de arrefecimento em novembro, nos EUA a inflação passando de 3,1% para 3%, e no Brasil de 4,8% para 4,7%. Caso os indicadores venham fora da expectativa, podem movimentar os preços dos ativos: juros, câmbio e bolsa. Portanto, atenção!
Às vésperas de encerrar 2023, aproveite para organizar os planos e objetivos do próximo ano. Entre em contato com o seu assessor e revise o seu portfólio de investimentos diante das atuais circunstâncias do cenário econômico.
Informação gera a melhor decisão!
Conteúdo elaborado por Camila Abdelmalack, Economista-Chefe na Veedha.