“Economila – IBC-Br é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central”
Por: Camila Abdelmalack
Frequentemente comentamos que o mercado financeiro antecipa os fatos. Por isso, entender os indicadores econômicos é fundamental para acompanhar o movimento dos ativos.
No Brasil, os investidores começaram 2021 animados com a recuperação da economia, após o crescimento entusiasmante do Produto Interno Bruto (PIB) referente ao 4° trimestre de 2020, de 3,2% na comparação com o 3° trimestre.
No entanto, a preocupação com o ritmo da vacinação ao longo do 1° trimestre e a piora na situação da saúde no Brasil, que resultou na paralisação das atividades, tornaram os analistas parcimoniosos com o quadro econômico no país, e até mesmo cogitando a possibilidade de uma recessão técnica, quando o PIB exibe contração por dois trimestres consecutivos.
A inflação crescente, a deterioração da confiança dos empresários, a elevação do desemprego e o aumento de restrições à atividade e à mobilidade devido à intensificação da pandemia geraram expectativa de enfraquecimento em março e abril, provavelmente levando a um encolhimento da economia no 2° trimestre de 2021.
O PIB no 1° trimestre de 2021 era estimado com variação entre 0% e -0,5% na comparação trimestral, mas, após a divulgação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), os analistas consideraram que a chance de redução é menor e que a variação do PIB poderá ficar entre 0% e 0,5%.
A divulgação do IBC-Br acabou reforçando uma expectativa positiva dos investidores, estimada mais para o 2° semestre diante da perspectiva de um calendário acelerado de vacinação que conduziria a uma reabertura mais acelerada das economias.
A alta de 1,70% na comparação entre fevereiro e janeiro inseriu otimismo no mercado financeiro, pois indicou que, antes da paralisação das atividades em março, devido à piora na pandemia, o Brasil estava em processo de recuperação mais “forte” que o calculado pelos analistas.
Vamos entender o que é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central?
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil (IBC-Br), divulgado desde março de 2010, tem como objetivo mensurar a evolução da atividade econômica do país e incorpora variáveis consideradas como proxies para o desempenho dos setores da economia (agricultura, indústria e serviços).
A construção do IBC-Br foi motivada pela inexistência de indicador agregado de atividade econômica de frequência mensal que permitisse sintetizar e avaliar, em maior regularidade, o estado da economia, em contexto de decisões de política monetária. Afinal, o Produto Interno Bruto (PIB) é divulgado trimestralmente pelo IBGE e as reuniões de política monetária, para decisão de taxa de juros, ocorrem no intervalo de 45 dias.
O índice serve como um termômetro para o PIB, mas ele possui desigualdades na metodologia. Vamos entender as diferenças entre IBC-Br e PIB.
A título de curiosidade, o IBC-Br é calculado pela ótica da oferta, ou seja, da produção dos três setores econômicos (agricultura, indústria e serviços). O PIB adota procedimentos de balanceamento entre oferta e demanda, consequentemente utiliza maior fluxo de informações.
Em resumo, o IBC-Br e o PIB são indicadores agregados de atividade econômica com trajetórias similares no médio prazo. O IBC-Br, de frequência mensal, permite acompanhamento mais “próximo” da atividade econômica, enquanto o PIB, trimestral, descreve quadro mais abrangente da economia.
IBC-Br e PIB – Comparação Trimestral

Fonte: Bloomberg
Enfim, o IBC-Br foi criado pelo BACEN e, a exemplo do PIB, é um indicador de crescimento da economia brasileira, embora ambos possuam diferentes metodologias de cálculo.
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